Na praia ainda quase deserta observo a vastidão do mar,

as vagas que se agitam numa dança sincopada.

Oiço o pipilar das gaivotas,

o céu está tecido de nuvens,

a brisa baloiça e envolve.

Inebrio-me com o aroma da maresia

e deixo-me transportar nesta sinestesia

debaixo de um toldo riscado que me protege e me embala

com os seus movimentos ondulantes.

Medito.

Pelo sono e pelo sonho voo, qual gaivota, até outro mundo

um mundo só meu,

que me foi dado na génese e voltará a ser meu no finamento.

Deambulo nesse éden,

estou numa bolha, como no ventre materno, envolta em água.

E quando desperto desta quimera, um raio de sol perpassa,

aquece e ilumina o meu coração,

sinto-me renovada.

Faço as minhas preces.

Com os pés descalços na areia macia e fina

dirijo-me ao mar, essa imensidão que contemplo agora mais de perto,

deixo as ondas invadir o meu corpo, neste mar sem fim, que

como  Sophia, julgo ser um milagre criado só para mim.